terça-feira, 25 de março de 2014

As novas tecnologias e a educação

     Por ocasião da apresentação da I pesquisa Universo Jovem da MTV, citou-se uma estimativa de que, na idade de ingresso escolar (6 ou 7 anos) uma criança já teria assistido a mais de 3.000 horas de TV. Essa 
apresentação foi feita em 1999. Quase 10 anos depois, tenho certeza de que a essas 3.000 horas, podemos somar pelo menos umas 1.000 de internet.
      E, o que as crianças assistem na TV ou encontram na web? Dinamismo. Isso mesmo. Quem já assistiu um capítulo dos cartoons “A Vaca e o Frango”, “Os Padrinhos Mágicos”, “O Laboratório de Dexter” ou das “Meninas Superpoderosas” vai entender o que digo. Tudo, nos cartoons de hoje acontece com muita rapidez. O enredo, os diálogos, a animação. Tudo é muito rápido. As historinhas mudam de direção a cada cena. É tudo “pá-pum”. Aí, aos 6 ou 7 anos, a criança chega à escola de verdade (na pré-escola a coisa é mais lúdica, portanto diferente). E o que encontra? Uma lousa, um giz e uma professora que vai falando, falando, falando. Resultado: sono, muito sono.
    Agora, imaginemos um adolescente que entra no Ensino Médio. Ou um jovem, numa universidade. O cenário é diferente?
   Esse é o desafio da escola moderna: usar as novas tecnologias como estímulo ao aprendizado e como ferramenta didática, sem se esquecer de que seu papel é, e sempre será, o de ensinar.
    A tecnologia pela tecnologia é até um chamariz. Mas não educa. Cabe a boa escola contextualizar a tecnologia.
    Uma lousa eletrônica prende mais a atenção. Mas a qualidade do ensino vai depender da qualidade do professor e não dos bytes do equipamento. Um laboratório de informática (palavra já bem antiga) de última geração é muito importante, desde que o fator humano esteja igualmente atualizado. Ou seja: informatizar sim. Mas, treinar e reciclar professores, também.
     Outro enorme ganho que o desenvolvimento tecnológico trouxe à sociedade foi a possibilidade quase infinita para do uso da criatividade. A tecnologia é uma espécie de “Red Bull”, que dá asas à imaginação dos jovens. Hoje, com um PC e uma câmera, um jovem de 14 anos é capaz de fazer um documentário ou um curta-metragem. E se sente motivado fazendo isso. Uma banda de garagem é capaz de produzir sozinha seu CD (que também já ficou velho). Animações, quadrinhos, web, música, cinema, entretenimento, fotografia, arquitetura, engenharia, cálculo, biologia, fóruns, troca de idéias, pesquisa, física. Tudo isso foi democratizado pela tecnologia. O YouTube já tem mais audiência que a TV aberta. E 99% do que está lá foi produzido por pessoas normais, de forma amadora ou experimental.
     Essa é talvez a maior riqueza trazida às pessoas comuns pela tecnologia. Ela acabou com a ditadura das celebridades. Hoje, criar é possível a todos. Cabe a escola tirar proveito disso, estimulando a exploração desse mundo que, literalmente, não tem fronteiras.
Artigo publicado na Revista Gestão Educacional de Janeiro de 2009
Texto de Claudio Golçalves
Fonte:http://www.mkteducacional.com.br/ 

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